Não nos é natural a prática do contentamento, mas
somos capazes de aprender a experimentá-lo se, assim como o apóstolo Paulo, nos
fortalecermos em Cristo. Em sua carta com teor mais alegre no Novo Testamento,
o apóstolo lembra aos irmãos filipenses que a despeito de ter muito ou se
encontrar em período de escassez, ele foi capaz de se adaptar e prosseguir. O
curioso é que suas falas não partem de um contexto de abundante paz e conforto
externos. Não! Paulo se encontrava preso em Roma, principalmente por estar
defendendo o plano de Deus para que os gentios também recebessem o evangelho[1]. O apóstolo representava os interesses do reino
dos céus e isso acabou gerando descontentamento por parte daqueles que ainda
tentavam sucesso por meio do reino terreno.
Com Paulo aprendemos que o contentamento representa uma plena satisfação em nosso Deus Trino, satisfeitos com o que ele nos deu, nos tem dado e prometeu nos dar; satisfeitos com as mudanças que ele fez em nós, com aquilo que hoje já somos nele e com aquilo que ele prometeu um dia nos tornar. Contentamento não necessariamente muda o ambiente externo. Contentamento não gera uma atitude de indiferença com o próximo ou consentimento com o que está errado. Contentamento é um trabalho do Espírito Santo que nos recorda o caminho proposto por Jesus para que nos aproximássemos do Pai em submissão e exultação. Não tem a ver com um “forçar-se a se aparentar feliz ou satisfeito”. Tem a ver com a verdadeira alegria que excede a todo entendimento humano – o qual é condicionado e influenciado por tensões externas ou tentativas de encontrar preenchimento eterno em coisas finitas.
Para o servo de Deus, o contentamento não é uma rota alternativa, mas sim o caminho que o discípulo necessariamente precisa caminhar. Uma prática permanente em descontentamento com Deus e sua graça pode nos levar não apenas a andar errantes por esse mundo, mas, também a experimentar o ataque final do pecado: a própria morte espiritual. A história bíblica testemunha a respeito disso.
Desde o Éden damos sinais de um certo descontentamento com o nosso Deus. Já éramos semelhantes a ele, mas decidimos ainda assim criar uma necessidade que não existia e demos ouvido à serpente. Como consequência, fomos entregues aos nossos próprios desejos. A queda de Adão e Eva nos comprova algo preocupante e que devemos nos atentar: no final das contas, nossos desejos e vontades podem nos conduzir à morte, a não ser que estejam sujeitas a Deus, ou melhor, a não ser que sejam a vontade do próprio Deus. É um enganoso caminho que aparenta vida e poder – como prometido pela serpente – mas que conduz a uma escassez, a abertura de um buraco que não precisava se formar.
Com Paulo aprendemos que o contentamento representa uma plena satisfação em nosso Deus Trino, satisfeitos com o que ele nos deu, nos tem dado e prometeu nos dar; satisfeitos com as mudanças que ele fez em nós, com aquilo que hoje já somos nele e com aquilo que ele prometeu um dia nos tornar. Contentamento não necessariamente muda o ambiente externo. Contentamento não gera uma atitude de indiferença com o próximo ou consentimento com o que está errado. Contentamento é um trabalho do Espírito Santo que nos recorda o caminho proposto por Jesus para que nos aproximássemos do Pai em submissão e exultação. Não tem a ver com um “forçar-se a se aparentar feliz ou satisfeito”. Tem a ver com a verdadeira alegria que excede a todo entendimento humano – o qual é condicionado e influenciado por tensões externas ou tentativas de encontrar preenchimento eterno em coisas finitas.
Para o servo de Deus, o contentamento não é uma rota alternativa, mas sim o caminho que o discípulo necessariamente precisa caminhar. Uma prática permanente em descontentamento com Deus e sua graça pode nos levar não apenas a andar errantes por esse mundo, mas, também a experimentar o ataque final do pecado: a própria morte espiritual. A história bíblica testemunha a respeito disso.
Desde o Éden damos sinais de um certo descontentamento com o nosso Deus. Já éramos semelhantes a ele, mas decidimos ainda assim criar uma necessidade que não existia e demos ouvido à serpente. Como consequência, fomos entregues aos nossos próprios desejos. A queda de Adão e Eva nos comprova algo preocupante e que devemos nos atentar: no final das contas, nossos desejos e vontades podem nos conduzir à morte, a não ser que estejam sujeitas a Deus, ou melhor, a não ser que sejam a vontade do próprio Deus. É um enganoso caminho que aparenta vida e poder – como prometido pela serpente – mas que conduz a uma escassez, a abertura de um buraco que não precisava se formar.
De Adão e Eva para frente, infelizmente, não mudamos tanto assim. Deus propõe um plano, nos convida a ser cooperadores dele, mas não nos satisfazemos com o que ele quer nos dar e com aquilo que deseja que sejamos. No deserto, o povo murmurou aos ouvidos de Moisés expressando sua insatisfação com o maná (Nm 11.6). Queriam carne, queriam algo diferente. Chegaram ao ponto de até sugerir que o modo como viviam anteriormente - escravos no Egito – era melhor (Nm 11.4-5). Insatisfeitos com a provisão divina, Deus os entrega aos próprios desejos: eles teriam tanta carne que até enjoariam, a ponto de os deixar doentes (Nm 11.20). O descontentamento com a provisão divina acabou gerando uma abundância de escassez e insatisfação.
A história se repete em 1 Samuel quando o povo não contente em ter Deus como um governador passa a desejar um rei, assim como as outras nações (1 Sm 8.5-6). Em geral, comparações são potentes catalisadores para vivermos uma vida em descontentamento com Deus. Os israelitas foram avisados (1 Sm 8.19-20), mas não quiseram ouvir. Novamente, como forma de punição, Deus os entrega aos próprios desejos. Escândalos, idolatria, guerras e outros acontecimentos horríveis acompanharam a realização do tão sonhado desejo dos israelitas de terem um rei humano como governante.
Já no Novo Testamento, em seus ensinos no Sermão do Monte, Jesus nos orienta a dar esmolas, orar e jejuar com as motivações corretas, voltando-nos para o Pai, em contentamento com sua vontade[2]. Os que assim não fizessem, demonstrando práticas de devoção visando responder às expectativas de outras pessoas, receberiam uma recompensa. Jesus nos mostra que eles receberiam aquilo que tanto desejavam: eles teriam o contentamento dos homens. Que pobre recompensa! Ganhar o mundo inteiro, por se encaixar no padrão de satisfação esperado pela sociedade, porém, ao final de tudo perder a alma. Se imitarmos esse padrão, viveremos a vida inteira correndo atrás de um contentamento que no final nos deixará ainda incompletos. A recompensa terrena nasce aqui e morre aqui. A divina, por sua vez, começa a ser manifestada aqui e continua a expressar vida por toda eternidade.
O triste é que seguindo nesse rumo, a humanidade continuará cavando a própria sepultura. O descontentamento com a graça de Deus nos levará ao encontro daquilo que intencionalmente semeamos (ainda que esperando outro resultado): a morte. Com isso entendemos melhor quando C.S Lewis diz que Deus não mandará ninguém para o inferno arbitrariamente. De forma soberana, ele apenas irá entregar os pecadores não eleitos às suas escolhas pecaminosas, onde assim gozarão eternamente da horrível liberdade que exigiram.[3]
Entretanto, Deus nos estende uma graciosa oportunidade, uma alternativa para que não tenhamos o trágico fim que nossa natureza pecaminosa tanto almeja: uma vida longe do nosso Deus, Senhor e Criador. Podemos abraçar sua proposta de aprendermos a estar plenamente satisfeitos nele. O caminho para ser discípulo de Jesus Cristo é conectado com um contentamento nele como único e suficiente Salvador. Contentamento em sua obra na cruz, a qual ao ser abraçada pela fé não nos fará ter a falsa necessidade de tentar encontrar salvação através de nossas próprias obras corrompidas e insuficientes. Aliás, Paulo reprimiu os irmãos judaizantes, na carta aos Gálatas (Gl 1.6-7), que em atitude de descontentamento, tentavam acrescentar boas obras aos que estavam plenamente contentes com a graça salvadora de Deus.
Por fim, vale destacar que aquilo que não nos é natural requer investimento, esforço e paciência. Charles H. Spurgeon nos ensina que ervas daninhas costumam aparecer no solo do nosso coração sem que as forcemos, sem que as cultivemos intencionalmente. Contudo, os frutos mais preciosos da terra precisam ser plantados, pacientemente adubados e cuidados.[4] Se Paulo aprendeu a estar contente em Deus em toda e qualquer circunstância, nós também podemos aprender. Quando? Bom, isso não dá para saber, mas não será um problema acrescentar o contentamento àquela lista de coisas que talvez não consigamos experimentar plenamente, mas iremos morrer tentando.
Luiz Felipe G. Silva
[1]
BRUCE, F.F. Paulo: o apóstolo da graça, sua vida, cartas e teologia. São
Paulo: Shedd Publicações, 2003. p 340
[2]
Cf. Mt 6.1-5 (esmolas), Mt 6.6-16 (oração), Mt 6.17-18 (jejum).
[3]
LEWIS, C.S. O problema do sofrimento. São Paulo: Editora Vida, 1986,
p.62
[4]
SPURGEON, Charles Haddon. Dia a dia com Spurgeon – manhã e noite: meditações
diárias. 2. ed. Curitiba: Pão Diário, 2017. p.104

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